Opinião - Hospital ou Pronto Socorro?

09/09/2013 09:53

Em nossa opinião de hoje, vamos abordar um tema que vem sendo administrado pelos políticos biquenses há vários anos, o Hospital São José. Primeiramente, gostaria de esclarecer que em minha opinião, problema não se administra, resolve-se. Mas, porque ninguém consegue resolver o problema do hospital? É simples, não tem solução. Isso mesmo, não tem solução.

Vamos por etapas tentar entender a situação:

1-            O Hospital São José de Bicas pertence a uma instituição de caridade denominada Associação de Caridade São José de Bicas, instituição essa sem fins lucrativos e teoricamente não deveria ter ingerência política. Teoricamente, pois sempre o prefeito é quem responde indiretamente pelo funcionamento do hospital. Embora não seja de sua responsabilidade, ou de responsabilidade da administração municipal, é o prefeito que determina a manutenção do Pronto Atendimento, ou seja, ficou instituído que a prefeitura é quem paga os médicos de plantão. Esse é um ponto.

2-            A administração do hospital sempre se diz independente da prefeitura, mas não sobrevive sem o repasse que nem sempre é feito pelas prefeituras da microrregião a que atende. Pelo menos essa é a reclamação recorrente de vários anos. Mas mesmo quando todas as prefeituras estão em dia, o hospital está sempre no vermelho, não me lembro de uma vez ter ouvido de seus administradores que o hospital São José estava em situação confortável financeiramente;

3-            Os repasses pela prefeitura de Bicas foram autorizados pela Câmara que impôs regras para que o hospital recebesse esses repasses, regras essas que invariavelmente são descumpridas, mas cancelar ou bloquear esses repasses, é coisa que nenhum político quer assumir a responsabilidade, embora devessem não têm coragem  para isso. E como ficaria a sua reeleição?  Qual o político que gostaria de ser responsabilizado pelo fechamento do hospital?

4-            Qual seria a solução? Muitas opiniões e sugestões para resolver a questão do hospital e seu Pronto Atendimento já foram dadas, utilizadas, testadas e até hoje, nada deu certo. Sabem por quê? Falta vontade política. Trocar provedor já está mais do que provado que não é a solução. Contratar profissional para administrar o hospital foi pior ainda, segundo alguns conselheiros que já não aguentam mais colocar e tirar pessoas que cada dia mais comprometem o hospital, alguns contraindo dívidas, outros que empregam familiares e amigos, outros que fazem política e assim por diante, sem na verdade ninguém que tenha conseguido resolver sua situação de penúria financeira (do hospital).

5-            A constituição federal em seu Art. 30.  Diz: Compete aos Municípios: VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; isso quer dizer que é obrigação do município sim, prestar serviços de atendimento à saúde da população, mas isso pode ser feito de forma diferente à que está sendo praticada em Bicas. Bons exemplos devem ser seguidos.

6-            Há alguns anos atrás, o município de São João Nepomuceno, nosso vizinho, passava pela mesma situação, anos e anos de problemas para manutenção do atendimento à população com um hospital cujo apelido era “saco sem fundo” exatamente como o de Bicas. Sabem o que foi feito para solucionar o problema? Um prefeito de peito, cônscio de sua responsabilidade com a saúde pública do município, Célio Ferraz, que cortou os repasses para o hospital e criou o Pronto Socorro Municipal, que funcional 24 horas por dia, com pronto atendimento a urgências e emergências, com um serviço adequado de ambulâncias, médicos e enfermeiros, etc. Coube a hospital apenas os casos de internação de baixa complexidade e outros serviços inerentes à sua subsistência.  Pronto, resolvida a questão, nunca mais prefeito foi responsabilizado pelo não atendimento médico ou problemas diversos do hospital. Parece uma solução simples não é? Só não é porque não há vontade política para solucionar o problema. Seja pelo interesse de fazer política com saúde, seja para fazer do hospital cabide de emprego de apadrinhados, ou por outras causas alheias ao nosso conhecimento.

Finalmente, volto a afirmar: a solução é simples, não se pode deixar o atendimento da forma que está. Pessoas recorrendo até mesmo às redes sociais pedindo socorro para o atendimento prestado pelo Hospital por médico supostamente bêbado fazendo atendimento entre outras denúncias. Se não souberem como, liguem para o prefeito de São João, o Célio Ferraz coincidentemente está lá mais uma vez à frente do executivo local e pode dar as informações de que necessitem. Isso se realmente houver vontade política em resolver o problema da saúde e do pronto atendimento em Bicas. Caso contrário, continuem discutindo sexo dos anjos na câmara, quem sabe um dia encontrem.

Essa é a minha opinião.

Deusdet Rodrigues